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Projetos Profª. Maria Cláudia

1- Título do Projeto:

ARTE LUSO-BRASILEIRA NO ARRAIAL DO TIJUCO: CIRCULAÇÃO E PECULIARIDADES

Resumo:

A arte luso-brasileira nas Minas Gerais do século XVIII está intimamente ligada à formação das cidades mineiras que tiveram o papel preponderante dos numerosíssimos portugueses minhotos que para ali migraram.  Entre 1730 e 1760, período coincidente com o auge da atividade mineradora, é também o período no qual houve o maior número de profissionais portugueses qualificados trabalhando em Minas Gerais, nas construções das igrejas, bem como das suas ornamentações.  Nas últimas décadas desse século esse trabalho seria também feito por mulatos que aprendiam os seus ofícios nas oficinas locais. Nas Minas Gerais no século XVIII as ordens religiosas primeiras e segundas tinham a sua instalação proibida e seus clérigos afiliados eram impedidos de entrar na região. No Tijuco não era diferente. Dada a importância que esta situação deu às ordens terceiras ali criadas, era quase impossível não pertencer a uma irmandade. Formas de identificação do lugar social, as irmandades eram o retrato da sociedade do século XVIII em sua hierarquização.  As irmandades coloniais mineiras, foram as grandes patrocinadoras e promotoras de atividades artístico-culturais.  Desta produção artística intimamente ligada à ação das irmandades leigas, ainda resta um patrimônio significativo na cidade de Diamantina. A documentação relativa às irmandades, de extrema importância para a cultura mineira e brasileira, encontra-se em estado de deterioração por ação do tempo e umidade. Urge recuperar as informações ali contidas e disponibilizá-las para a comunidade.    Esta é a proposta deste projeto. A princípio, a pesquisa se propunha a digitalizar a documentação existente para disponibilizar neste formato para a comunidade acadêmica. No entanto, com a mudança das autoridades das ordens terceiras e irmandades envolvidas, isso não foi mais permitido. Assim, o resultado possível foi a transcrição das partes da documentação que dizem respeito às pinturas, com a devida indicação e sua disponibilização para a pesquisa no Núcleo de Turismo da UFVJM . A partir disso, foi possível participar de um projeto de educação patrimonial elaborando um material didático sobre a História da Arte Colonial no Arraial do Tijuco para a utilização dos professores da rede pública de Diamantina. Houve também a participação em um evento, o IX Colóquio Luso-Brasileiro de História da Arte em Belo Horizonte, de 02 a 05 de Novembro de 2014, com publicação tanto do resumo quanto do artigo completo em meio eletrônico.Ainda que o objetivo primeiro não tenha sido atingido, isto é, o de disponibilizar as imagens dos documentos em meio digital, ainda assim, os resultados obtidos comprovam a importância da pesquisa.

Participante: Professora colaboradora: Maria de Lourdes Santos Ferreira

Início: 31/03/2014

Término: 30/09/2015

 

2- Título do Projeto:

IDENTIFICAÇÃO DAS FIGURAÇÕES MITOLÓGICAS CLÁSSICAS NAS PINTURAS DE QUADRATURA DA ITÁLIA À COLÔNIA PORTUGUESA, DIÁLOGOS E INFLUÊNCIAS (SÉCULOS XVII A XIX)

Resumo:

A abordagem efetivada  neste trabalho partiu  da identificação da iconografia das sibilas representadas no Tijuco, por meio de pesquisa na literatura, nos textos teológicos, nas figurações existentes das sibilas cristianizadas na Itália e da imaginária estampada a partir do século XVII. Ao mesmo tempo, procedeu-se a uma intelecção desses elementos figurativos na pintura de falsa arquitetura, ou quadratura, que têm também sua raiz na Itália. As pinturas das igrejas do Tijuco não foram meramente decorativas. Evidentemente, o foram inescapavelmente, também decorativas. Não se trata tampouco da repetição de uma moda ou um gosto português, mas tem raízes profundas no ideário tridentino e na arte dos jesuítas. O engano do olho por meio da arquitetura fingida, ambientes sugestivos da teatralidade festiva do barroco e utilização das sibilas como figuras ao mesmo tempo ameaçadoras e sedutoras, foram os elementos que se mantiveram como marcas inalienáveis da pintura tijucana. A falsa arquitetura persuade, encanta, demanda o observador como coparticipante da obra de arte e, além disto, lhe impõe um lugar. Para que a distorção da pintura funcione como ilusão de ampliação dos espaços é preciso que o observador, chamado a fazer parte do espetáculo pintado, esteja no ponto de fuga, no lugar correto. Em uma sociedade que se organizava e começava a construir sua identidade havia pouco, como nos povoamentos recém-nascidos nas Minas do século XVIII, a ordenação do mundo, como ferramenta própria do momento do barroco, era uma necessidade. Algo que estava de acordo com os desígnios da igreja tridentina e da colonização portuguesa. Assim, a intenção persuasória das pinturas do arraial, queria suadir a todos, indistintamente, a compactuar com a ordenação de uma sociedade cristã, católica e colonizada. Ordenar o mundo de maneira edificante, por meio da produção estética do falso, da convocação à participação no teatro patético do ideário cristão e da sedução ameaçadora dos castigos ou recompensas divinos lembrados pelas figuras pagãs cristianizadas das sibilas, eis uma possível demanda da sociedade tijucana e a intencionalidade da pintura que se produziu no arraial do Tijuco no século XVIII. Na Capela de Nosso Senhor do Bonfim, em Diamantina, existe a figuração de quatro sibilas que contornam um quadro recolocado da deposição da cruz. As profetizas estão inseridas em uma estrutura de falsa arquitetura, cujas colunas são pinturas pétreas de cariátides. Foram identificadas as gravuras que serviram de base para essa figuração, tanto das sibilas, quanto da deposição da cruz. Este trabalho, inédito, é importante no sentido da divulgação e do incentivo à preservação deste patrimônio único no Brasil. Foram publicados dois artigos, um capítulo de livro e está no prelo um livro que será lançado em Portugal no mês de setembro de 2017, com o nome de Histórias de Sibilas Entre Braga e Diamantina, em coautoria com o investigador Eduardo Pires de Oliveira, com o ISBN 978-989-20-7647-8. Foi também apresentado um trabalho na Universidade de Lisboa, no VII Colóquio Internacional Imagética: Representações da migração e do universo do viajante Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em fevereiro de 2017.

Participante:

Anderson Gomes Ribeiro, aluno voluntário

Início: 21/03/2016

Término: 10/10/2017

 

3- Título do Projeto:

AS SIBILAS DOS PANOS QUARESMAIS DE DIAMANTINA

Resumo:

O trabalho desenvolvido envolveu a busca da identificação da representação da iconografia das sibilas do Tijuco a partir da literatura, dos textos teológicos e litúrgicos e da observação das figurações das sibilas cristianizadas na Itália como modelos. Foi feita uma discutir a relação entre a representação das sibilas e os véus quaresmais enquanto elemento litúrgico. Procedeu-se ainda a uma discutição sobre o significado societário da única representação de figuras proféticas femininas na colônia portuguesa da América identificando possíveis elementos regionais. Buscou-se também a identificação da circulação de modelos europeus (tratados; gravuras avulsas; textos teológicos) no Arraial do Tijuco como possibilidade de fundamentação das representações iconográficas, bem como a existência de livros religiosos do período colonial, ali existentes, para possível compreensão da presença das profetisas na arte sacra do local.

Participante:

Alâne Cristina Quadros Araújo, aluna voluntária

Início: 20/06/2017

Término: 25/01/2018

 

4- Título do Projeto:

ENCONTRO DE FLAUTAS DO JEQUITINHONHA: ENTRE RELAÇÕES SIMBÓLICAS E MATERIAIS

Resumo:

A pesquisa proposta busca o entendimento das trocas simbólicas, imateriais e materiais, abarcadas dentro do encontro cultural. Constitui-se, portanto, como ponto basilar a questão: como um evento musical possibilita que relações sociais e identitárias sejam reconstruídas e ressignificadas a partir das trocas relacionais simbólicas? Assim, entende-se que a busca pela compreensão de questões socioculturais regionais acaba por se tornar relevante, uma vez que a subjetividade tem sido novamente abordada pela academia, bem como por ser capaz de possibilitar o contato com demais áreas do conhecimento, estabelecendo, dessa forma, o diálogo interdisciplinar. Nesse sentido, vislumbra-se a possibilidade de conhecer melhor os desdobramentos das subdivisões regionais existentes dentro do Vale, sejam eles sociais, culturais, políticos e/ou econômicos. Portanto, o Programa de Mestrado em Estudos Rurais poderá contribuir para que a pesquisa a despeito do Vale do Jequitinhonha prossiga de maneira aprofundada e sistêmica.

Participante:

(Orientação de mestrado do PPGER, orientanda:  Keyla Ferreira)

Início: 25/01/2018

Previsão de Término: 31/12/2019

 

5- Título do Projeto:

ENTRE MINHO E MINAS: SIBILAS E QUADRATURA, O PERCURSO DE JOSÉ SOARES DE ARAÚJO

Resumo:

No Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina, em Minas Gerais existe uma requintada pintura de quadratura trazida pelo pintor bracarense José Soares de Araújo no século XVIII. No Arraial, este pintor exerceu múltiplas funções, dentre elas a de professor de pintura. Dentre as pinturas atribuídas a seus discípulos, encontram-se as figurações das sibilas em um afresco na Capela de Nosso Senhor do Bonfim e em panos sibilísticos usados para cobrir os altares colaterais dos templos na semana da paixão. A figuração das sibilas do Tijuco, única deste gênero conhecida na colônia portuguesa da América, está sempre entre estruturas de falsa arquitetura, seja nos afrescos, seja nos panos sibilísticos. A sua fonte iconográfica ainda não foi identificada quer na literatura, quer nas gravuras que circulavam nas Minas Gerais de então. A pintura de José Soares é a pintura de falsa arquitetura, ou quadratura. É esta pintura, com o consequente e deliberado engano do olho que o pintor bracarense leva para o Tijuco. Rudolf Wittkower1 considera a quadratura como um gênero de pintura independente, não como um momento do barroco, referindo-se ao desenvolvimento da escola bolonhesa da segunda metade do século XVII. Dado o aspecto imponente que este tipo de pintura dava aos interiores dos prédios, a maioria dos comitentes na península itálica (onde este tipo de pintura surgiu no século XVII) eram homens influentes. Estes homens intentavam dar maior visibilidade e importância às suas próprias imagens ao escolherem esta nova arte arquitetônica como decoração interior de seus palácios. A expansão desta técnica, a princípio muito condicionada pelas dimensões das famílias ricas e poderosas da península itálica, foi posteriormente levada à península ibérica pelo rei Filipe I da Espanha, que para afirmar a opulência da coroa graças à descoberta do Novo Mundo por Cristóvão Colombo, quis dar grande importância aos palácios reais. No momento da restauração da independência de Portugal (que estivera unido à Espanha de 1580 a 1640) a arte da quadratura já estava bem arraigada na Espanha. A nova dinastia de Portugal lança mão desta técnica para se afirmar e se impor. Assim, com o mesmo objetivo, os novos fidalgos constroem seus palácios e se apressam a decorá-los com a quadratura. Os efeitos monumentais e impressionantes da quadratura estão assim relacionados à afirmação e imposição de um determinado poder. Atravessando o Atlântico, levada para o Brasil, esteve sempre associada à busca do apreço público por parte das ordens religiosas e da sua intenção de afirmação de superioridade de umas sobre as outras. As sibilas são entes mitológicos ligados a oráculos coletivos, que chegaram à cultural greco-romana por meio de judeus helenizados vindos da Babilônia. A existência mitológica de oráculos e de entidades com esta função é uma das maneiras recorrentes da busca do homem pelo saber dos acontecimentos porvindouros e atravessou tempo e espaço sobrevivendo a imensas transformações históricas e se adaptando a diferentes culturas e lugares. Na mitologia greco-romana as sibilas são sacerdotisas de Apolo e têm a seu cargo dar a conhecer os oráculos deste deus. Coletâneas de oráculos sibilinos circularam ainda nos primórdios da idade helenística. Desde cedo, os oráculos tinham uma função de propaganda religiosa e política. Estes oráculos chegaram até os nossos dias, não só em meios eruditos, mas também em meios populares e camponeses. Recordações e vestígios dessas figuras antigas podem ser encontrados de maneira degenerada, transformada e até quase irreconhecível, todavia, ainda vivos, em tradições orais de meios campesinos na Europa. Como exemplo disso pode-se citar a crença outrora existente na Itália de que os gatos negros possuíam um osso a mais do que os outros gatos não negros. Quem encontrasse esse osso e o pusesse na boca, ficaria invisível aos olhos dos outros. Teria então “encontrado a Sibila”. O mito das sibilas se presta a diferentes funções e se adaptou a diversas culturas em épocas distintas. Os oráculos sibilinos, adaptados pelos judeus, foram adotados pelos cristãos a partir da segunda metade do século II d.C. Em função da sua temática, forma e intenção tornaram-se apropriados para a afirmação do cristianismo diante da hostilidade romana. Virgílio menciona as sibilas em Éclogas e Eneidas. E Ovídio em Metamorfoses. O processo de cristianização dessas figuras pagãs fez com que suas profecias fossem associadas a profecias messiânicas da vida, morte e ressurreição de Cristo. Constantino, primeiro imperador cristão, na sua mensagem para o I Concílio de Niceia , interpretou a passagem das Éclogas como uma referência à vinda do Cristo. A partir de então a representação das sibilas cristianizadas foi possível em diferentes linguagens artísticas. Esta pesquisa pretende refazer o percurso de José Soares de Araújo enfatizando as duas grandes contribuições dadas por ele na arte da colônia portuguesa da América.

Participante:

Jefferson Vieira de Ataíde, aluno voluntário

Início: 08/02/2018

Previsão de Término: 08/02/2018

 

6 - Título do Projeto:

A Incorporação das Sibilas no Mundo Cristão.

Resumo:

Este projeto pretende deslindar o caminho percorrido entre a sibila pagã e sua incorporação pelo cristianismo. Não existe um fato único, ou momento histórico exclusivo que responda com suficiência a esta questão, mas, ao contrário, diferentes ocasiões e eventos se interpõem e concorrem para a sua elucidação. Há que se atentar ainda para a complexidade intrínseca e longeva do tema. A questão divinatória e profética é um elemento comum e peculiar ao complexo quadro de relacionamentos difíceis (mas forçosos) da nova mensagem religiosa cristã com o panorama multiforme (mas essencialmente homogêneo) das civilizações que afluíam dentro do império romano. Este tema se configura como o ponto crucial através do qual, seja por parte dos pagãos, judeus, ou cristãos se forjou a tessitura dos relacionamentos recíprocos na afirmação religiosa de sua fisionomia peculiar. Seja da parte da cultura pagã, judaica, ou cristã, não se pode negar uma sede insaciável de conhecimento do futuro, misto de esperança e temor. É notória, já, a centralidade do tema profético no curso da história dos povos pagãos e do povo judeu. Comparecente em distintos momentos como canal de comunicação com as divindades, em uma série complexa de eventos e personagens, é um indispensável suporte de identidade, imediatamente reconhecida como a crença radicada no postulado de um relacionamento privilegiado com o saber dos eventos porvindouros.   A partir destes pressupostos, já se torna possível distanciar o espanto e a admiração com relação à presença maciça das sibilas também no mundo cristão. Esta pesquisa se propõe a identificar os momentos fundamentais que legitimam a incorporação das sibilas ao mundo cristão.

Coordenadora: Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Participante: Amanda Luiza de Azevedo

Início: 12/02/2018

Final: 12/08/2019

 

7 - Título do Projeto:

LUGARES E GENTES: as relações entre pessoas, paisagens e Arqueologia no município de Felício dos Santos, Alto Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais – (2010-2017) Diamantina, MG 2018.

Resumo:

A presente proposta de pesquisa tem como objetivo geral compreender as redes de relações estabelecidas entre os moradores de Felício dos Santos, Minas Gerais, e a paisagem onde eles estão implantados. O tema vincula-se à Linha de pesquisa do Programa: “História, cultura e Arqueologia” que por vez remete ao estudo do objeto escolhido. O Município situa-se, geograficamente, no Alto Vale do Jequitinhonha e do Araçuaí e a Nordeste de Minas Gerais, onde se encontra vastos recursos hídricos, cobertura vegetal e flora diversificadas, tal como culturas típicas do interior mineiro. Com 5.142 mil habitantes, dados do Censo do IBGE de 2010, Felício se destaca regionalmente tanto pelas riquezas naturais como por possuir grande conjunto de sítios arqueológicos, cachoeiras, biomas diversificados, etc., e pelas práticas culturais cujas tradições são expressivas. Em detrimento destes aspectos têm-se as relações entre pessoas e paisagem regional que, embora seja abordado tangencialmente, ainda são temas pouco explorados sendo, portanto, objeto de nosso estudo. Nesta região do Vale, denominada de “Área Arqueológica de Serra Negra” - face Leste da Serra do Espinhaço Meridional (SdEM) - equipes de pesquisadores, em especial, arqueólogos e botânicos são bastante frequentes nas últimas décadas. Particularmente, em Felício dos Santos foram identificados mais de 56 sítios arqueológicos em abrigo sobre rochas quartzíticas. Contudo, foram escavados apenas cinco deles onde identificaram registros de ocupações humanas de dois grupos distintos: caçadores coletores e horticultores. Para tanto, faz-se necessário discorrer sobre a palavra “lugar” a partir das conceituações dos autores selecionados. Sendo assim, na pesquisa proposta ela será mencionada sempre no sentido de local de ocupações humanas no tempo/espaço, portanto, como cenário de relações entre pessoas e ambiente. Quanto ao título “Lugares e Gentes” faz menção ao conceito de “paisagem” e população, ambos referentes a Felício dos Santos. Com efeito, a conceituação terminológica dará possibilidade de desvendar os laços identitários que unem povos e paisagem por meio do sentimento de pertencimento e da realimentação da memória coletiva na comunidade felissantense no período escolhido.

Coordenadora: Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Participante: Heitor Alves Bispo

Início: 05/12/2018

Final: 31/12/2019

 

8- Título do Projeto:

Culinária de Diamantina e suas significações: um resgate das práticas alimentares da região como incentivo ao turismo gastronômico

Resumo:

No contexto nacional, Minas Gerais se destaca dentre os estados do país que mais desenvolvem ações voltadas ao resgate e preservação da culinária regional; são inúmeros os eventos realizados sobre esta temática no estado. Diversas instituições, sejam elas públicas ou privadas, estão cada vez mais envolvidas e sensibilizadas para atuar em eventos neste segmento. Eventos estes que, além de promover a culinária e gastronomia local, possibilitam uma troca de experiência sensorial entre seus participantes.  Dentre as instituições que se destacam no estado temos a Frente da Gastronomia Mineira, que se constitui como um fórum participativo para reunir esforços pela defesa, preservação e promoção da Gastronomia Mineira. Este fórum tem como propósito fomentar e promover ações estratégicas em rede, de forma a dar visibilidade à gastronomia mineira, ter influência no ambiente político, gerando impactos positivos nas tomadas de decisão em prol do setor. A gastronomia, na sua relação com o turismo envolve não só a compreensão da organização do espaço alimentar, para receber os visitantes, como também as preocupações de preservação dos patrimônios gastronômicos, vistos como expressão cultural. Os estudos sobre os hábitos e práticas alimentares vêm sendo desenvolvidos sob diferentes perspectivas, especialmente nos campos da sociologia, da antropologia, e do turismo, todas elas, subáreas das Ciências Sociais Aplicadas. Este trabalho é uma proposta de pesquisa que pretende produzir conhecimento acerca da culinária diamantinense, com o objetivo de incentivar o turismo gastronômico na região.

Coordenadora: Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Participante: Beatriz Carolina Pimentel.

Início: 01/03/2019

Final: 29/02/2020

 

9 - Título do Projeto:

Oficinas de restauro de véus quaresmais com sibilas

Resumo:

Além do afresco da abóbada da capela-mor da Capela de Nosso Senhor do Bonfim, há um ciclo de véus quaresmais adornados com sibilas outrora usados para cobrir os altares das igrejas na semana santa. Dois deles localizados em São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito do Serro, são ainda utilizados pela comunidade na sua função original. Únicas na colônia portuguesa, as sibilas de Diamantina e região têm uma importância universal e reafirmam a sobrevivência de um mito antigo que foi incorporado por diferentes culturas. Os véus quaresmais de Diamantina e região encontram-se em péssimo estado de conservação, degradados pelo tempo e pela umidade, sendo necessária uma intervenção imediata para que não se perca tão importante patrimônio. Alguns panos desapareceram com o tempo e aqueles que se mantiveram necessitam de restauração para que seja resguardada a arte e a memória que eles representam não só para a região, mas para o país.

Coordenadora: Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Participantes:

Colaborador externo: Padre Darlan Aparecido de Fátima Lima (Parceria Seminário)

Colaborador externo: Fernando Antônio Lopes Magnani (Parceria Diarte)

Colaborador externo: Amanda Cordeiro (restaudadora coordenadora)

Colaborador externo: Patrícia Reis (restauradora)

Aluna voluntária: Anna Carolina Rodrigues de Oliveira

Início: Abril de 2019

Final: Dezembro de 2019

 

10 - Título do Projeto:

Catálogo on line das representações das sibilas no mundo cristão.

Resumo:

Na capela de Nosso Senhor do Bonfim, em Diamantina, em meio à quadratura, emolduradas por colunas paranínficas com cariátides, há a representação de quatro sibilas: Líbica, Tiburtina, Frígia e Délfica. A pintura, sobre a qual não foram encontrados documentos, data dos finais do século XVIII e foram atribuídas ao pintor Silvestre se Almeida Lopes. É a única representação parietal em igreja das profetisas na colônia portuguesa da América. O tema sofisticado é ainda mais exclusivo quando se trata das pinturas dos véus quaresmais da mesma cidade, datados dos séculos XVIII e princípios do XIX.  No entanto, numerosas são as representações das profetisas nas igrejas da Europa e também da América espanhola.   Não é tarefa simples deslindar o caminho percorrido entre a sibila pagã e sua incorporação pelo cristianismo. Não existe um fato único, ou momento histórico exclusivo que responda com suficiência a esta questão, mas, ao contrário, diferentes ocasiões e eventos se interpõem e concorrem para a sua elucidação. Há que se atentar ainda para a complexidade intrínseca e longeva do tema. A questão divinatória e profética é um elemento comum e peculiar ao complexo quadro de relacionamentos difíceis (mas forçosos) da nova mensagem religiosa cristã com o panorama multiforme (mas essencialmente homogêneo) das civilizações que afluíam dentro do império romano. Este tema se configura como o ponto crucial através do qual, seja por parte dos pagãos, judeus, ou cristãos se forjou a tessitura dos relacionamentos recíprocos na afirmação religiosa de sua fisionomia peculiar. Seja da parte da cultura pagã, judaica, ou cristã, não se pode negar uma sede insaciável de conhecimento do futuro, misto de esperança e temor. É notória, já, a centralidade do tema profético no curso da história dos povos pagãos e do povo judeu. Comparecente em distintos momentos como canal de comunicação com as divindades, em uma série complexa de eventos e personagens, é um indispensável suporte de identidade, imediatamente reconhecida como a crença radicada no postulado de um relacionamento privilegiado com o saber dos eventos porvindouros.   Diante desses pressupostos, já se torna possível distanciar o espanto e a admiração com relação à presença maciça das sibilas também no mundo cristão. A partir da pesquisa que a identifica os momentos fundamentais que legitimam a incorporação das sibilas ao mundo cristão, pretendemos publicar um catálogo on line com as imagens, informações, remissão a links oficiais, da representação das sibilas no mundo cristão.

Coordenadora: Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Participante: Anna Carolina Rodrigues de Oliveira

Início: Setembro de 2018

Final: setembro de 2019

 

11 - Título do Projeto:

História da Arte

Resumo:

A educação patrimonial tem sido um caminho privilegiado para que, a partir do conhecimento, as comunidades se apropriem dos seus bens, se identifiquem com eles e participem assim da sua preservação. Este projeto vai ao encontro desse esforço, no sentido de propagar o conhecimento sobre a arte colonial do Arraial do Tijuco junto aos futuros sacerdotes da Arquidiocese de Diamantina. Os alunos do Seminário estarão aptos, assim, a se tornarem multiplicadores do conhecimento e de atitudes como respeito e interesse acerca do patrimônio artístico e cultural da cidade, em especial da Igreja, maior detentora dos objetos e das manifestações artísticas da região. As oficinas e visitas serão abertas à comunidade em geral para que o saber seja democratizado.

Para que se possa preservar um patrimônio, é preciso amá-lo. E para amá-lo é imprescindível conhecê-lo. Só se ama o que se conhece. Este projeto se justifica pela necessidade de dar a conhecer aos futuros sacerdotes e à comunidade diamantinenses o seu patrimônio artístico e cultural para que, a partir disso, possa se gerar um sentimento de interesse, aliado à identidade cultural, respeito e então uma atitude de fruição e preservação deste patrimônio. Retomando o ideário da Carta de Atenas, Isabelle Curry afirma: “A conferência profundamente convencida de que a melhor garantia de preservação de monumentos e obras de arte vem do respeito e o interesse dos próprios povos, considerando que esses sentimentos podem ser grandemente favorecidos por uma ação apropriada dos poderes públicos, emite o voto de que os educadores habituem a infância e a juventude a se absterem de danificar os monumentos, quaisquer que eles sejam, e lhes façam aumentar o interesse de uma maneira geral, pela proteção dos testemunhos de toda a civilização.” (Curry, Isabelle, 2004). Em consonância com essas palavras, este projeto pretende aliar a Igreja e a população a partir de uma ação educativa que possibilite a intelecção da arte local e a sensibilização para o patrimônio de propriedade e guarda da Igreja. Por meio da parceria com o Seminário do Sagrado Coração de Jesus em Diamantina, pretende-se oferecer oficinas formadoras, e visitas técnicas a igrejas.

Coordenadora: Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Colaboradoras:

Érica Aparecida Silva

Keyla Campos

Início: Agosto de 2018.

Final: Julho de 2019

 

12 - Título do Projeto:

Procarte: Roteiro Histórico de Performance em Pontos de Interesse Turístico de Diamantina

Resumo:

O Projeto Roteiro Histórico de Performance em Pontos de Interesse Turístico de Diamantina pretende criar um roteiro de performance em pontos de interesse turístico previamente definidos na cidade de Diamantina, a partir da apresentação de performances criadas tendo como pressuposto figuras históricas de importância da cidade. Envolvendo alunos e professores do curso de Turismo, com a colaboração do professor visitante Flávio Rabelo, intenta-se a interação entre arte, história, patrimônio e turismo, tendo em vista a criação de um produto turístico cultural tendo a arte como balizadora das ações.

Em consonância com a política cultural da UFVJM que intenta “promover a arte e a cultura na UFVJM e nas regiões de sua abrangência através da interação entre saberes e linguagens, passado e presente, ciência e arte” o projeto cria uma oportunidade ímpar de influência mútua entre arte, história, turismo e patrimônio, oferecendo à cidade um produto turístico cultural de qualidade que valoriza a memória e os saberes locais.

Coordenadora: Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Professores colaboradores:

Antonio Flávio Alves Rabelo

Cynthia Fonte Boa

Aluna bolsista: Clara Guerreiro

Início: 19-11-2018

Final: 19-11-2019

 

13 - Título do Projeto:

As estruturas de falsa arquitetura dos véus quaresmais com sibilas de Diamantina.

Resumo:

No Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina, em Minas Gerais existe uma requintada pintura de quadratura trazida pelo pintor bracarense José Soares de Araújo no século XVIII. No Arraial, este pintor exerceu múltiplas funções, dentre elas a de professor de pintura. Dentre as pinturas atribuídas a seus discípulos, encontram-se as figurações das sibilas em um afresco na Capela de Nosso Senhor do Bonfim e em panos sibilísticos usados para cobrir os altares colaterais dos templos na semana da paixão.  A figuração das sibilas do Tijuco, única deste gênero conhecida na colônia portuguesa da América, está sempre entre estruturas de falsa arquitetura, seja nos afrescos, seja nos véus quaresmais.  A pintura de José Soares é a pintura de falsa arquitetura, ou quadratura. É esta pintura, com o consequente e deliberado engano do olho que o pintor bracarense leva para o Tijuco. Rudolf Wittkower1 considera a quadratura como um gênero de pintura independente, não como um momento do barroco, referindo-se ao desenvolvimento da escola bolonhesa da segunda metade do século XVII. Dado o aspecto imponente que este tipo de pintura dava aos interiores dos prédios, a maioria dos comitentes na península itálica (onde este tipo de pintura surgiu no século XVII) eram homens influentes. Estes homens intentavam dar maior visibilidade e importância às suas próprias imagens ao escolherem esta nova arte arquitetônica como decoração interior de seus palácios. A expansão desta técnica, a princípio muito condicionada pelas dimensões das famílias ricas e poderosas da península itálica, foi posteriormente levada à península ibérica pelo rei Filipe I da Espanha, que para afirmar a opulência da coroa graças à descoberta do Novo Mundo por Cristóvão Colombo, quis dar grande importância aos palácios reais. No momento da restauração da independência de Portugal (que estivera unido à Espanha de 1580 a 1640) a arte da quadratura já estava bem arraigada na Espanha. A nova dinastia de Portugal lança mão desta técnica para se afirmar e se impor. Assim, com o mesmo objetivo, os novos fidalgos constroem seus palácios e se apressam a decorá-los com a quadratura. Os efeitos monumentais e impressionantes da quadratura estão assim relacionados à afirmação e imposição de um determinado poder. Atravessando o Atlântico, levada para o Brasil, esteve sempre associada à busca do apreço público por parte das ordens religiosas e da sua intenção de afirmação de superioridade de umas sobre as outras.  Os véus quaresmais de Diamantina datam do século XVIII e início do XIX. Como dito, são adornados com sibilas em estruturas de falsa arquitetura. Na mesma cidade as pinturas de quadratura nas abóbadas das igrejas coloniais foram levadas pelo português José Soares de Araújo, como afirmado anterioremnte. Esse pintor foi influenciado pelo tratado de pintura e arquitetura de Andrea Pozzo. Inexistem documentos que comprovem a autoria das pinturas dos véus quaresmais daquela cidade. Não foram encontrados objetos como esses, adornados com as profetisas ou com arquitetura fingida, em qualquer outro país. Os véus quaresmais, cuja função litúrgica está associada às celebrações da semana santa católica, são tradicionalmente adornados na cultura alemã. Numerosos na Alemanha, Áustria e Suíça alemã, são raros na França (Reims) e na Itália (Sicília), sendo conhecido um único exemplar espanhol, hoje no acervo do Albert and Victoria Museum, em Londres.  Não se sabe como essa tradição chegou à colônia portuguesa da América. Nas Minas Gerais existem dois outros véus adornados: um em Mariana e outro em Santa Bárbara. Neles, no entanto, não figura a quadratura, nem mesmo as sibilas.  Em Diamantina existe ainda a figuração de quatro sibilas contornadas por falsas colunas com cariátides, no teto de uma igreja. Essa pintura é atribuída a um discípulo de José Soares de Araújo. O mais antigo véu adornado com sibila existente em Diamantina tem como base iconográfica uma gravura do mesmo ciclo que fundamentou a pintura das sibilas da abóbada. Os ornatos que acompanham a falsa arquitetura dos véus, também se repetem nos tetos de quadratura executados pelo pintor português.

Coordenadora: Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Colaboradora: Zélia Aparecida Pereira Moreira

Início: 27/06/2019

Fim: 27/12/2019

Última atualização em Seg, 19 de Agosto de 2019 09:01