UFVJM é parceira em filme e exposição de fotos sobre apanhadores de sempre-vivas

Sex, 29 de Abril de 2016 09:28

Entre os dias 6 e 21 de maio, no Teatro Municipal Santa Izabel, em Diamantina, as comunidades de apanhadores de flores sempre-vivas serão homenageadas através da exibição de um documentário dirigido por Tiago Carvalho e uma exposição com as fotos de Elisa Cotta, Valda Nogueira e João Roberto Ripper. Promovido pela Comissão em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas (Codecex), o evento tem a parceria UFVJM, por meio do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Campesinato (NAC).

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Quem são esses apanhadores de flores sempre-vivas?

Nas imediações de Diamantina, mais precisamente na porção meridional da Serra do Espinhaço, está a maior concentração de flores sempre-vivas do planeta. Florescem na região cerca de 90 espécies dessa flor que, depois de colhida e seca, conserva sua forma e coloração originais por muitas décadas, daí o nome pelo qual é popularmente conhecida. Sua coleta é uma atividade extrativista tradicional, responsável pelo sustento de inúmeras famílias que habitam a região e, paradoxalmente, responsável também pela sobrevivência das próprias flores, cada vez mais ameaçadas pela criação de parques naturais - aos quais os colhedores de flores não têm acesso – e, mais gravemente, pela proliferação de empresas mineradoras, monocultoras de eucalipto e criação de gado.

Os colhedores de flores estão entre as muitas “populações tradicionais” espalhadas pelo país, uma categoria relativamente nova em nossa legislação, apesar de constatada a presença desses povos no meio rural brasileiro desde longa data. Em dezembro de 2004, o governo federal instituiu a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, órgão encarregado de coordenar a implementação de uma política nacional capaz de proteger não apenas as populações tradicionais em si, como os recursos naturais renováveis de suas regiões.

É bem verdade que o processo de consolidação de tais políticas vem ocorrendo em ritmo lento, daí a importância de ser enaltecido o esforço desses povos em preservar seus modos de vida, perpetuar relações ancestrais e cuidar do meio ambiente, com a ajuda de ambientalistas e antropólogos humanistas, empenhados em defender a integração homem-natureza e minimizar o impacto ambiental característico do agronegócio. Há que se apoiar, portanto, a luta dos apanhadores de flores por seu reconhecimento cultural e econômico, garantindo vínculos com o território e demandando o direito de acesso aos recursos dos quais dependem para manter seu modo de vida tradicional.

Última atualização em Sex, 29 de Abril de 2016 09:34